sábado, 2 de março de 2013

Os vilões que não podem estar no gibi!


Por Valdemar Morais



Com livros ou HQs, a garantia da
longevidade é não
descuidar da conservação.

(Fonte: Antena Cultural)
O dono do sebo, exageradamente relaxado numa cadeira, bebe cerveja na frente da banca. Jovens fãs fuçam pelas prateleiras de tinta azul meio gasta, procurando aquela edição especial do seu herói preferido, até que um deles chama pelo proprietário. Ele se levanta rabugento, pronto para repetir seu modus operandi: olhar para a revista solicitada e dar o preço que lhe vier à mente sem qualquer critério. Porém, quando se aproxima, toma um susto: por trás uma pilha volumosa de livros e HQs, uma enorme mancha marrom de cupins devora tudo pela frente.







A cena é dantesca tanto para quem vende livros e HQs antigas quanto para quem é colecionador. Para muita gente que lida com essas atividades, ter um acervo volumoso e de edições raras é o que conta, mas os riscos que esse tesouro, que realmente exige muito investimento para um ou para outro, corre, ficam em segundo plano. O resultado desse desleixo pode ser desesperador.

Para qualquer colecionador ou vendedor que se preze, é preciso prestar atenção aos vilões que podem por fim àquele encadernado de luxo ou ao formatinho que você ganhou naquela ida ao mercado quando tinha sete anos. Esses inimigos da boa coleção podem vir de agentes físicos, químicos e biológicos.


AGENTES FÍSICOS


A umidade e a iluminação são dois elementos físicos que, ao incidirem sobre qualquer material bibliográfico, podem causar danos, tanto em relação à consistência do papel quanto na facilitação do aparecimento de pragas e no desbotamento das tintas. O uso de sílica-gel, para o controle da umidade e de lâmpadas fluorescentes e de cortinas e persianas para o racionamento da luz podem dirimir os efeitos desses agentes.


Infiltrações podem danificar a consistência das
páginas das HQs, bem como abrir espaço para fungos e
bactérias.

(Fonte: Sua Casa)

O colecionador também deve ficar atento a alguns aspectos físicos do próprio espaço da coleção, tomando cuidado com o aparecimento de infiltrações e com o bom estado da fiação elétrica, a fim de evitar o contato das revistas e encadernados com a água e o risco de curtos circuitos e um possível incêndio.









Ademais, outros materiais que vez por outra são colocados em contato com as edições também podem trazer prejuízo. Utilizar clipes, grampos ou fita adesiva para remendar as revistas é fatal, pois no envelhecer desses materiais, eles terminam manchando e danificando as páginas. A mesma proibição vale para o uso de plásticos – adesivo ou não- para encapar as HQs comuns ou seus encadernados.


AGENTES QUÍMICOS


No que tange a agentes químicos, a poluição atmosférica e ambiental é certamente o mais agressivo deles em relação a um acervo de HQs, pois a temida poeira – que abriga diversos compostos como óxido de carbono, enxofre e nitrogênio- pode se agregar à celulose das publicações e no processo causar a deterioração de capas e páginas. Manter os materiais em sacos plásticos – com as bocas abertas, sem adesivos, dobradas- garante a proteção contra esses agentes.

Sacos plásticos, encontrados em lojas especializadas 
ou mesmo aqueles de supermercado, preservam as publicações dos efeitos do ar poluído.
(Fonte: Pipoca & Nanquim)


AGENTES BIOLÓGICOS


Os agentes biológicos, representados principalmente pelas pragas, são certamente o maior dos terrores de vendedores e colecionadores. É aqui que eles encontram seus mais ferrenhos inimigos.


  • Insetos

Traças, baratas, brocas e cupins são insetos capazes de literalmente levar um acervo inteiro a baixo. As traças, por se alimentarem da celulose, tem um apetite voraz sobre o papel e podem despedaçar páginas se conseguirem ter acesso às publicações; Baratas também podem avançar sobre as revistas se forem conduzidas por resíduos orgânicos, como restos de comida; Mais agressivas até do que as traças, as brocas de madeira se instalam desde jovens em materiais com celulose e na medida em que crescem, sua fome e voracidade aumentam, destruindo tudo que encontram. Diferentemente dos cupins, com quem são geralmente confundidas, as brocas não vivem em sociedade, são independentes; Por sua vez, os cupins, sejam os de madeira seca ou os de solo, quando infestados numa coleção, levam qualquer um ao pânico. Para que uma tragédia como essa ocorra, basta um ambiente úmido, cheio de celulose impregnada com microrganismos.


Até a cola utilizada na produção dos encadernados, 
por exemplo, pode atrair as asquerosas baratas.
(Fonte: Superinteressante)

Felizmente, quando descobertos precocemente, todos esses insetos podem ser eliminados com o uso de produtos químicos, que devem ser aplicados por profissionais especializados em dedetização, de maneira que os “venenos” aplicados não afetem também o acervo.


  • Microrganismos

Manchas extensas nas páginas são o sinal
patente da contaminação por fungos.

(Fonte: Arquivo Histórico de Porto Alegre)
Fungos e bactérias também promovem entes que atacam a celulose. Como ambos se proliferam especialmente em locais úmidos, pouco arejados e com temperaturas altas, é extremamente válido se precaver contra esses elementos, mantendo o espaço da coleção sempre limpo, livre de contato com água e com climatização controlada. No caso de acervos já atacados, mais uma vez se faz necessária a consulta à assistência especializada, que fornecerá produtos químicos para extinguir a infestação.






  • Roedores

Embora não consumam celulose, os ratos e seus semelhantes também geram dor de cabeça a quem quer preservar suas HQs. Esses bichos, fonte de um sem número de moléstias para o ser humano, usam o papel para se aquecer e como matéria-prima de seus numerosos ninhos. Contra eles, valem as mesmas recomendações dadas em relação a insetos e microrganismos, tanto para evitá-los quanto para exterminá-los.

Num acervo sujo, mal ventilado e desorganizado, 
os ratos literalmente fazem a festa.
(Fonte: Olhares)




  • Pessoas

Definitivamente, esse não é
o melhor lugar pra qualquer
coleção.

(Fonte: Meu Rascunho de Ideias)
Todas as pragas citadas anteriormente surgem pelas atitudes desorganizadas dos próprios seres humanos. Muito frequentemente, colecionadores principiantes, amigos inconsequentes, familiares insensíveis cometem verdadeiras atrocidades no trato com os quadrinhos e depois não sabem por qual razão aquela edição mais que especial virou só restos. Comer ou beber durante a leitura, mexer nas revistas ou nos encadernados com as mãos suadas ou sujas, dobrar as publicações até unir as capas, amassar ou dobrar páginas, riscar ou escrever nas edições, usar clipes, grampos ou adesivos são algumas das atitudes que podem contribuir para encurtar a vida da sua coleção.







Ou seja, manter o santuário das suas HQs sempre limpo, arejado e bem organizado é fundamental!

Fonte

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