segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

A Morte do Super-Homem


Por Valdemar Morais


(Fonte: HQ Con)



Agradar aos fãs do Superman (ou Super-Homem como era chamado por aqui até 2000) não é coisa fácil. Antes do megaevento que reformulou toda a linha editorial da DC Comics, Crise Nas Infinitas Terras (1985), o personagem vivia num marasmo de histórias que ainda remetiam à década anterior. Depois da borracha passada na trajetória do Homem de Aço desde sua criação em 1938, a DC Comics pôs o herói nas mãos do maior astro dos quadrinhos de super-heróis daquela época, John Byrne. O escritor e desenhista recriou toda a mitologia do kryptoniano, tornando-o menos super e mais humano. O efeito foi o de uma nova leva de fãs e o Superman viveu belos quatro anos de sucesso em seus três títulos mensais.





No entanto, os saudosistas ainda eram maioria naquela época e rejeitaram o Superman de Byrne, que andava longe de ser o ícone do bom-mocismo. Estafado pelo trabalho (desenhava duas das três revistas do herói, enquanto permanecia escrevendo todas) e pelas críticas, principalmente depois do polêmico arco em que o Superman mata três criminosos kryptonianos, Byrne deixou as séries do herói, dando lugar a um time capitaneado pela escritora Louise Simonson e o escritor e desenhista Dan Jurgens

Apesar do empenho de Jurgens e outros profissionais como o escritor-desenhista Jerry Ordway e os ilustradores Tom Grummett e Jon Bogdanove, que produziram HQs de razoáveis à boas, as mesmas não convenceram os leitores e as vendas foram decaindo. Depois de uma tentativa frustrada de casar o Superman e Lois Laneo que só ocorreu nas HQs em 1996-, os autores se entregaram a uma piada recorrente na editoria do Homem de Aço, disparada sempre quando alguma ideia de grande evento para o ano furava: “Pra sair dessa, só se matássemos o Superman!”. Uma piada que o editor Mike Carlin levou a sério.


Fruto de engenharia genética, Apocalypse é pura força e barbaridade
(Fonte: Superman Wiki)
Com o apoio dos veteranos Simonson e Roger Stern, Dan Jurgens elaborou o surgimento da criatura Apocalypse, um monstro irracional e furioso, cheio de saliências ósseas cortantes e perfurantes, que emerge do chão em pleno território estadunidense e empreende uma marcha de destino desconhecido, mas de intensa destruição. A Liga da Justiça - que à época, além do próprio Homem de Aço, era formada pelo ex-lanterna verde Guy Gardner (dotado de um anel energético amarelo), Besouro Azul, Gladiador Dourado, Fogo, Gelo, Bloodwynd e Máxima, outrora vilã do Superman- confronta a criatura, apenas para ver seus integrantes massacrados e deixados à beira da morte. Diante da ameaça, Superman abandona uma entrevista ao vivo na TV e parte para o combate contra o monstro, que rivaliza em força, mas supera em crueldade e selvageria.


A Liga da Justiça da época foi facilmente derrotada por Apocalypse
(Fonte: Comicvine)
A batalha arrasta consigo outros personagens do universo do herói, como os integrantes do Projeto Cadmus, Dubbilex e Guardião; coadjuvantes tradicionais como os pais Martha e Jonathan Kent, Jimmy Olsen, Supermoça e – não poderia faltar- a grande nêmese, Lex Luthor, que na época havia passado por uma radical mudança de visual e personalidade.  O colossal confronto alcança seu clímax às portas do Planeta Diário, o jornal onde Clark Kent, alter-ego do Homem de Aço, conseguiu seu lugar ao sol. Num último esforço, Superman golpeia Apocalypse com tudo o que tem e o derrota, mas também sucumbe aos ferimentos e morre nos braços de sua amada Lois Lane. 


Apocalypse fez o que Lex Luthor não conseguiu: arrancar sangue (e muito) do Superman
(Fonte: Comic Book Movie)

O evento pegou o mundo inteiro de surpresa e causou tamanho impacto que mereceu repercussão até em jornalísticos nacionais da época, como o Jornal Nacional (Globo) e Aqui Agora (SBT). Nos Estados Unidos, a edição que sela o destino do herói, Superman nº 75, vendeu seis milhões de exemplares. Comovida, a Terra perdia seu maior herói num confronto contra uma fera assassina de origem desconhecida. Será o adeus ao S incrustado no diamante? Será o fim da vitoriosa trajetória de um personagem de 55 anos? Será que a Warner Bros., dona da DC Comics e por conseguinte do Superman, fecharia as portas para uma lucrativa franquia como aquela?

Será? Os desconfiados duvidavam da manobra e imaginavam que a morte seria breve. Sim, o Superman ressuscitaria, subiria dos mortos. A questão era: como? Mas isso fica para um outro post...



Anúncio da Abril Jovem de A Morte do Super-Homem e seus brindes
(Fonte: Propagandas de Gibi)

No Brasil, a Editora Abril não quis perder o timing do evento e lançou A Morte do Super-Homem em novembro de 1993, numa edição formatinho (13,5 x 19 cm) toda negra, trazendo na capa o dramático S do herói pingando sangue e acompanhada de um kit com brindes especiais. Com a defasagem da cronologia em relação às edições estadunidenses, os leitores brasileiros só leriam as consequências do evento nas séries regulares a partir da revista Super-Homem nº 126, de dezembro de 1994.

Clássico unânime do marketing, mas controverso do ponto de vista da qualidade, A Morte do Super-Homem foi publicada no Brasil por três vezes pela Editora Abril, sendo a última em 2002 como minissérie em três edições e já com Superman no título. Recentemente, a Panini Comics lançou A Morte do Superman Volume 1 (2009) e Volume 2 (2010), duas edições de luxo em formato americano (17,5 x 26 cm) e com capa dura, compilando toda a trama da morte e do retorno do Homem de Aço em aproximadamente 800 páginas de quadrinhos.

A MORTE DO SUPER-HOMEM- Edição Especial.


Histórias: 
Prelúdio; Saldos da Derrota; Contagem Regressiva para o Apocalypse; Sob Fogo Cerrado; ...Apocalypse está chegando; O Dia do Apocalypse; O Dia Em Que o Super-Homem Morreu: Apocalypse!
Ano de Lançamento: 1993.
Editora: Abril Jovem/DC Comics.
Roteiro: Louise Simonson, Dan Jurgens, Jerry Ordway e Roger Stern.
Desenhos: Jon Bogdanove, Dan Jurgens, Brett Breeding, Tom Grummett e Jackson Guice.
Arte-final: Dennis Janke, Rick Burchett, Brett Breeding, Doug Hazlewood e Denis Rodier.
Cores: Glenn Whitmore e Gene D’Angelo. 
Tradução: Estúdio Artecômix.
Personagens: Super-Homem (Superman).
164 páginas


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