(Fonte: Mundo Marvel Scans) |
Em
1961, os gênios criativos de Stan Lee e Jack Kirby conceberam o Quarteto Fantástico, inaugurando uma nova fase no gênero super-herói das histórias em
quadrinhos. Mais do que isso, com a equipe do Sr. Fantástico, Garota (depois Mulher)
Invisível, Tocha Humana e Coisa, eles salvaram a editora Atlas Comics da
completa falência, transformaram-na na poderosa Marvel Comics e abriram caminho
para o surgimento de outros grandes heróis como o Poderoso Thor, Hulk, Homem de
Ferro e, é claro, o Homem-Aranha.
O Quarteto Fantástico. Arte de Jack Kirby para The Fantastic Four: The Lost Adventure (2008) (Fonte: Kirby Museum) |
Chamada
de Trilogia
Galactus, por ter sido dividida em três partes e em função de seu
grande impacto nos leitores da época, essa inesquecível aventura foi publicada
pela primeira vez no Brasil nas revistas O Homem-Aranha nº 64 e 65 (1974), da Editora Ebal,
mas os fãs só a puderam ler em cores - ainda que picotada para caber no formato 13,5 x 19 cm- dez anos depois, nas edições nº 58 e 59 de
Heróis da TV (2ª série), da Editora Abril Jovem.
O épico
começa com estranhos fenômenos acontecendo ao redor do mundo, tais como os céus
se incendiando e uma cortina de rochas cobrindo a atmosfera da Terra. O
Quarteto Fantástico acaba descobrindo que tudo é obra do Vigia, entidade cósmica
conhecida pelo grupo em edições anteriores e que quebrava seu juramento de não interferência
no destino das civilizações. E o motivo era plausível, pois ele tencionava ludibriar e afastar o Surfista Prateado, um imponente ser brilhante que navegava pelo espaço como arauto
de uma temida criatura: Galactus.
Galactus confronta o Vigia sob os olhares atônitos do Coisa, Garota Invisível e Sr. Fantástico. Arte de Jack Kirby para The Fantastic Four nº 49. (Fonte: Byrne Robotics) |
Galactus
era um humanoide de proporções gigantescas, cujas origens remontavam ao início
do próprio universo. Conhecido como o Devorador de Mundos, Galactus se alimentava da energia provida pela drenagem dos recursos naturais de planetas. Para
encontrar mais rapidamente os mais aptos a serem devorados, Galactus empregou o Surfista Prateado, que singrava o cosmos, ungido de poder, à cata de mundos desabitados. Mas planetas com essa característica se tornaram escassos e Galactus, já quase exaurido de forças, não tinha mais como esperar. O Surfista achou o sistema solar da Terra e ela foi escolhida como presa.
A
fim de salvar a Humanidade, o Quarteto Fantástico se lança em ataque a
Galactus, que sequer lhes dá atenção, tamanha a discrepância de poderes. Enquanto
isso, o Surfista Prateado, de maneira serena, tentava a todo custo convencer os
humanos de que lutar era inútil, pois era seu destino perecer para saciar a
fome de seu amo.
Sem
muito que fazer, o Sr. Fantástico, a Garota Invisível e o Coisa tentaram
retardar a montagem do equipamento que transformaria a Terra em alimento de
Galactus. Enquanto isso, o Vigia enviou o Tocha Humana, viajando através das dimensões,
para o local onde ficava a Estação Espacial do Devorador de Mundos, pois lá ele
encontraria o único artefato capaz de afugentar a criatura.
No
entanto, em meio à batalha entre o resto do Quarteto e Galactus, o Surfista
Prateado, intrigado pela resistência humana na luta pela sobrevivência, acaba entrando em contato com a
escultora Alicia Masters, a namorada cega do Coisa. A conversa com Alicia desperta
no Surfista a comoção sobre o valor da vida humana e a tragédia que está
prestes a acontecer. Para evitar o pior, o Surfista se volta contra o seu senhor.
O Surfista Prateado recobra sua humanidade e se volta contra seu mestre. Arte de Jack Kirby para The Fantastic Four nº 50. (Fonte: Comics Alliance) |
Confrontado
pelo arauto e ameaçado pelo Quarteto Fantástico, graças ao Nulificador Total, equipamento capaz de minar suas forças e trazido pelo Tocha
Humana, Galactus acaba desistindo de consumir a Terra e promete nunca mais
tentar fazê-lo. Em compensação, antes de
partir em busca de outro planeta para devorar, o gigante amaldiçoa o Surfista
Prateado e o aprisiona na Terra, impedindo-o de voltar a viajar pelas estrelas.
Cheia
de surpresas e tensão, concebida no auge da parceria Stan Lee e Jack Kirby – com o acompanhamento de Joe Sinnott-, a
Trilogia Galactus causou frisson no público, que se encantou com a ameaça incalculável
do Devorador de Mundos e o puro carisma do Surfista Prateado. Os dois
personagens se tornaram recorrentes em fases seguintes do Quarteto Fantástico –
como o são até hoje- e o Surfista, ao conquistar grande popularidade, chegou a
ganhar revista própria em 1968, com roteiros de Stan Lee e arte de John Buscema.
Ainda
que tenha marcas características da época em foi publicada, a Trilogia Galactus
merece uma conferida não só pelo seu teor histórico, mas pelo próprio entretenimento.
Apesar de procurada, a saga nunca mais foi republicada, nem mesmo em
encadernados especiais. A Biblioteca Histórica Marvel: Quarteto Fantástico,
série de livros em capa dura lançada pela Panini Comics em 2007, trazendo as
HQs da equipe em ordem cronológica, papel especial e em cores, não passou do
primeiro volume. Desse jeito, só resta procurar nos sebos as edições de Heróis
da TV que trazem esse épico Momento Marvel.
HERÓIS DA TV (2ª SÉRIE) Nº 58 E 59
Histórias: Trilogia Galactus (A Chegada do Surfista Prateado; A Fantástica Saga do Surfista Prateado; Ao Salvador, o Exílio).
Ano de Lançamento: 1984.
Editora: Abril Jovem/Marvel Comics.
Roteiro: Stan Lee.
Desenhos: Jack Kirby.
Arte-final: Joe Sinnott.
Cores: Flora Schuch.
Tradução: Jotapê Martins.
Publicada originalmente em: The Fantastic Four nº 48, 49 e 50 (1966).
Personagens: Quarteto Fantástico.
42 páginas (de um total de 60)
Fonte
- Heróis da TV (2ª Série), Editora Abril em Guia dos Quadrinhos.